sexta-feira, 21 de junho de 2013

Um poema...

Eu ontem completei 37 anos e muita gente nem sabe que eu sou poetisa.
Esse poema eu escrevi quanto eu tinha 20 anos de idade.
Tão atual, que eu resolvi mostrá-lo como minha maneira de protesto!
Mais uma coisa: Eu sou verde e amarelo, eu não sou preta, nem branca,
apenas verde e amarelo, da cor do meu país!

Atos e fatos

Estamos numa guerra não declarada,
abafada pelas falsas promessas de paz.
Uma guerra diferente das outras,
mas traz dor e morte mesmo assim.
Uma guerra com soldados se arrastando
não para matar, mas sobreviver,
soldados-cidadãos como eu e você. 
Estamos desarmados
tentando fazer com camisas
bandeirolas de paz,
mas não sabemos se há,
não queremos lutar,
não queremos morrer,
muito menos matar.

Temos inimigos por todos os lados
baixando a porrada nos favelados,
queimando índios e mendigos,
mandando balas com e sem endereço,
em gente com e sem terra, teto
emprego e documento.
Sorrindo, fazendo da barbárie divertimento.

Alguns sobrevivem mesmo sem querer,
pensando à todo instante
que eles voltarão a qualquer hora.
Que nada!
A distração agora é fazer vítimas
em outro lugar
e a vida continua,
se isso pode ser chamado de vida,
ou melhor a sobrevivência continua,
com filhos da pátria dormindo na fila
para conseguir vaga na escola, se conseguir
e aposentado-mendigo no banco
recebendo a esmola que irá pagar impostos
que o fará receber novamente no próximo mês.

E os filhos da rua cruzam becos armados,
cheiram cola para não sentirem fome
num país onde o que sobrevivem são os nomes.

Cemitérios clandestinos marcam a cidade.
Políticos cretinos envolvidos em corrupção
são as ratazanas da nação.
Infecção hospitalar acaba de matar
a pobre população.
Exploração e prostituição infantil
é a cara do BRASIL.

Quem nunca viu?
Quem nunca ouviu?
Quem não conhece estas coisas?

São acontecimentos
quase sempre naturais,
mas porque que fazer de conta
que é tudo tão normal?

Sei que ninguém sairá vivo daqui,
mas como poderemos viver
se agora viramos cobaias?
O que será de nós
nas mãos destes canalhas?

Nos roubaram educação
com receio de que descobrissemos
o jogo sujo escondido debaixo da manga
que uma minoria é capaz de enxergar,
Não nos deram cultura para não mostramos
o que somos capazes de criar.
Não nos deram nada!
Para permanecemos pobres.
Para morrermos esperando pelo futuro!

E eu acredito que existam cegos
que não queiram enxergar,
mas duvido que há algum mudo
que não queira gritar.

Autora: Christiane Felix de Barros.

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